quinta-feira, 17 de abril de 2008

Dias de baby sister

Deste que vim morar aqui na Itália minha proximidade com crianças foram raras. No Rio eu tinha sempre uma por perto, sem falar que meu primeiro trabalho sério foi em um maternal, era professora de 12 crianças com 1 ano e meio a 2 dois anos e meio, mais ou menos. Naquela época não tinha muita idéia de como era comandar uma trupe de crianças mimadinhas mas surpreendendo a todos, principalmente a mim mesma, me sai muito bem, quando pedi demissão as mães ficaram revoltadas por não continuar com seus filhos no ano seguinte. Era uma professora doidinha, divertida e responsável, meu problema era a quinta-feira, dia que ia aos forrós no antigo Ballroom, bons tempos aqueles, colocava todos para dançar no ritmo do forró, era o meu aquecimento antes da noitada, as crianças adoravam a diretora nem um pouco , ela dizia que eles deveriam escutar somente musicas infantis, desligava o som e quando ela saia Marisa Monte cantava sem parar o "..ela só quer só pensa em namorar...", e recomeçávamos a dançar.

Esta semana tive o meu primeiro contato real com muitas crianças, trabalhamos, meu marido também, com uma associação que faz recreações infantis e ficam com as crianças nos dias que as escolas estão fechadas, nestes últimos 3 dias com as eleições as escolas não abriram e os pais continuaram a trabalhar, claro. Enfim, a idéia é de um grupo de baby sister, éramos 5 adultos com 28 crianças com idades diferentes, de 3 a 12 anos, foi um barato! Apesar de ser muito cansativo, acho que enferrujei, os pirralhos são muito fofos e possuem uma energia e tanto.

Ontem, a figura do dia foi a Benedetta, 6 anos, linda, olhos de mel e cabelos clarinhos, dourados. Uma menina muito esperta para a idade, fala como uma adulta e sabe usar o charme para conseguir o que quer, pelo visto consegue sempre pois cai na trapola um monte de vezes, quem resistiria?

Ela me disse que queria o Dario para ela, meu marido,
nos dois primeiros dias queria ficar sempre perto do Dario, na hora do filme sentou do lado dele e ficou de mãos dadas, fazia carinho nos cabelos dele, queria brincar só com ele, paixonite aguda mesmo! Ela me dizia que o Dario era dela e eu dizia que era meu. Chegou ao ponto dela ir até ao Dario e dizer:
-Você agora é meu.
Dario respondeu: - Não, não sou teu.
E ela: - sim que é.
- Acho que tenho o direito de decidir a quem pertenço e sou casado com a Flavia, se sou de alguém sou dela. E você tem que crescer muito, sou muito velho para você.
- Hum. (a resposta dela foi esta)

Ontem, tive a idéia de construir uma varinha m
ágica personalizada para cada um deles, idéia mais que aceita pelo grupo todo e um trabalho enorme para mim, Santa Flavia!
No parque com a varinha nas mãos vem Benedetta e me chama:
- Sabe, eu queria tanto que esta varinha m
ágica funcionasse.
- E qual é a m
ágica que você quer fazer?
- Se esta varinha funcionasse de verdade te transformava em uma criança menor que eu e eu me transformava em uma adulta.
-Por que?
- Assim eu poderia ser a namorada do Dario e você não teria chance com ele
sendo uma criança pequenininha.
E saiu correndo.
A coisa mais engraçada é que o Dario não era o único homem adulto tinha o Giuseppe mas ela gostou foi dele mesmo, não teve jeito.

Apesar do cansaço o dia foi maravilhoso e junto com a associação iremos fazer um monte de projetos este ano, estou adorando a idéia!

Ilustração de Alexandra Silva

Um comentário:

Luciana Mendonça disse...

Mas este pequerrucha é uma "criança cristal"... hahahaha Afinal, vivemos cercados por estas crianças chamadas ïndigos. Elas vibram na sintonia da "chama violeta", a chama da transmutação.
http://www.divaldofranco.com/noticias.php?not=42
CARACA, que tal vc escrever um livro de crônicas? Esta ficou DEZmais! beijos :) Luluca